COMO NASCEM OS LEITORES?
Aprender a ler é uma atividade complexa. Ela envolve não apenas uma alfabetização bem sucedida como também uma inserção consciente no letramento. No entanto, alguns casos em que crianças tornaram-se leitores cedo surpreendem.
Esses casos não derivam somente de um cenário que é anterior à escola, no qual, responsáveis, pais e adultos, sentam-se ao lado da criança para ler um livro ao lado dela. Outras formas de letramento podem manifestar-se singularmente para ajudar a criança a se tornar um leitor efetivo que não enfrente tantas dificuldades de leitura.
O depoimento do PhD Timothy Rasinski (Universidade de Kent, EUA) sobre sua infância revela um desses exemplos. Rasinski, que é especialista em letramento e leitura, não se lembra de seus pais lendo livros para ele, quando era criança. No entanto, antes de ir para a escola, ele já sabia ler. Quando entrou na primeira série, aliás, ele teve aulas complementares de leitura no segundo ano, pois já estava bem avançado.
Quando questionou sua mãe sobre como ele tinha aprendido a ler. Ela lhe lembrou uma série de práticas letradas que faziam parte do cotidiano da família. Como seu pai era músico, ele e seus irmãos decoravam as canções da banda, acompanhando a letra e cantado. Sua mãe e seu irmãos todos os dias recitavam poemas e orações. Na verdade, sem saber os termos especializados de técnicas como “repetição de leitura”, os seus pais ofereciam essas práticas para os filhos.
Assim, desde cedo, as crianças podem aprender, por exemplo, com pequenos textos de gênero escrito que são cantados ou recitados diariamente. Outro exemplo é o do hábito de contação de histórias. Dessa forma, a criança pode desenvolver consciência fonológica, aprender o reconhecimento das correspondências entre sons e letras e inserir-se num universo letrado pela via da oralidade e pelo prazer em ouvir histórias e outros gêneros curtos.