Dislexia e leitura No Brasil, há ainda muita desinformação quanto à dislexia. Nas últimas décadas, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas em torno da condição, mas vários de seus aspectos continuam desconhecidos ou são objetos de controvérsia.
O que podemos afirmar, de início, é a necessidade de combater estigmas. Assim, crianças e jovens disléxicos têm dificuldades específicas, mas têm também inteligências e habilidades diferenciadas.
Em adição, pesquisas têm demonstrado que a dislexia é uma condição neurológica e genética, e não apenas uma construção social que surgiu na onda da medicalização.
A dislexia manifesta-se como uma dificuldade de leitura. Por isso, ela é mais evidente em países onde uma das línguas oficiais apresenta uma discrepância entre representação oral e representação escrita (como ocorre, por exemplo, nos EUA e na França).
Quando uma criança é disléxica, ela lê comparativamente mal, para a idade. Ela pode, por exemplo, confundir letras simétricas como p e q, ou começar a escrever com caligrafia ilegível, entre outros comportamentos.
A dislexia envolve geralmente a dificuldade de processamento dos sons da fala e a dificuldade de leitura de palavras. Assim, muito tem sido pesquisado em torno da relação entre a dislexia e áreas do cérebro que envolvem uma conexão entre decodificação sonora e decodificação visual.
Até o momento, a região do cérebro que aparece como alvo de suspeitas de origem da dislexia é o lobo temporal esquerdo. Ao mesmo tempo, em disléxicos, observa-se que a região inferior do córtex frontal é significativamente mais ativada.
A partir das dificuldades de decodificação de níveis menores de linguagem, origina-se a dificuldade de compreensão de uma unidade maior como uma frase ou um texto. Assim, as dificuldade crescem em escala, chegando a prejudicar o desempenho escolar como um todo. Pois, todos sabemos que a utilização da linguagem escrita prolifera-se na sociedade contemporânea.
No entanto, nosso cérebro é plástico e está sempre em desenvolvimento. Após pesquisas recentes, as intervenções mais eficientes para pessoas disléxicas trabalham sobre o exercício de consciência fonológica e de letramento. Por um lado, fonoaudiólogos e programas de computador disfarçados de jogos contribuem para a aumentar o processamento de disléxicos. Por outro, a aquisição do hábito de leitura reforçará os novos ganhos cognitivos da pessoa com dislexia por meio de sua inserção autônoma na cultura escrita.
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