APRESENTADAS PELA NEUROCIENTISTA PH.D. MARTHA BURNS
Em fevereiro deste ano, a equipe da Casa Cuca participou da conferência internacional da Scientific Learning Corporation, em Tucson-Arizona, cidade sede da empresa. Uma das palestras a que a equipe teve o prestígio de assistir foi a da Ph.D Martha S. Burns, que é uma grande neurocientista especialista em como o cérebro aprende. Ela também pesquisa e pratica clínica sênior, além de ser membro do time por trás dos programas Fast ForWord e Reading Assistant. Burns é fonoaudióloga há 35 anos e faz parte do corpo docente da Universidade de Northwestern. A palestra de Martha Burns enfocou a diferença e a complementaridade entre exercícios de tipo “top-down” e “bottom-up”. Mas como são esses exercícios? “Top-down” quer dizer “de cima para baixo” e “bottom-up” quer dizer de “baixo para cima”. Em termos de atividades, isso significa que uma atividade que uma “top-down” propõe um conteúdo global para que o aluno interprete ou compreenda. Num exercício “bottom-up”, o aluno trabalha sobre uma informação fragmentada que é crucial para auxiliar na decodificação. Por exemplo, se me pedem para ler um texto e dar uma opinião sobre ele ou se me pedem para compreender um evento histórico, então, trata-se de um exercício “top-down”. Em outro caso, se eu não sei processar diferentes sons verbais de transição sutil, ou seja, se não sei diferenciar “ba” e “da”, e realizo uma tarefa para reconhecer esses sons, então, trata-se de um exercício “bottom-up”. Os exercícios “bottom-up” raramente são trabalhados, quando, na verdade, são cruciais para o processo de aprendizagem. Se alguém não compreende um som ou uma palavra, por exemplo, pode chegar a perder o significado geral de uma mensagem. Assim, Burns propõe o seguinte questionamento: “por que ensinar conteúdos ‘top-down’, se o aluno não consegue entendê-los?”; e “por que ensinar um conteúdo ‘bottom-up’, se o aluno não sabe como usá-lo?”. Dito isto, a repetição combinada desses exercícios faz-se necessária. Segundo Burns, o Fast ForWord e o Reading Assistant são os programas atuais que trabalham com a combinação dessas duas formas de percepção abordadas pela neurociência e pela psicologia. Em adição, esses são também os únicos programas neurocientíficos que trabalham para exercitar o hemisfério esquerdo do cérebro e o lobo frontal. Essas áreas são responsáveis pelo processamento de linguagem e de atenção, entre outras funções. Martha Burns comentou que programas para exercitar o cérebro como Cogmed e Lumosity exercitam apenas o hemisfério direito do cérebro. Não há problemas nisso, segundo a pesquisadora. No entanto, trata-se de exercícios localizados de raciocínio que não trabalham com a combinação de diferentes tipos de percepção, nem com o trabalho de linguagem. Trata-se de bons exercícios cognitivos, mas que não têm um impacto geral sobre a aprendizagem, mas antes um efeito específico. Um dos pontos de atenção sobre o qual Martha Burns comenta é que o ensino tradicional pauta-se por informações e atividades do tipo top-down, ou seja, aquilo que nós aprendemos nos livros por meio da exposição a conteúdos. Assim, a comunidade de neurociência traz muitas novidades à comunidade geral. Hoje ela apresenta soluções e explicações para alunos que não precisam somente de informações de tipo global, mas também de melhora nas habilidades fragmentadas que permitem a decodificação.
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