Muitas crianças que apresentam “letra feia” são negligenciadas na sala de aula e são indevidamente acusadas de desleixadas e preguiçosas. No entanto, mais do que um simples desleixo, o que pode estar por trás da grafia sofrível pode ser uma dificuldade concreta, denominada disgrafia.
Disgrafia é um transtorno de aprendizagem específico que afeta o quão facilmente a criança adquire a linguagem escrita e quão bem ela a utiliza para se expressar. A criança com disgrafia também mostra dificuldade no planejamento sequencial de movimentos dos dedos. Como exemplo, para essa criança pode ser extremamente difícil tocar com o polegar os outros dedos da mesma mão sucessivamente.
Diferente da dislexia, a disgrafia é pouco estudada e praticamente desconhecida entre os educadores. Alguns sinais disgráficos em sala de aula podem ser: forma inadequada de segurar o lápis; muita ou pouca força muscular; ritmo da escrita lento ou muito rápido; letras excessivamente grandes ou pequenas e desorganizadas; junção de palavras; desproporção das letras; enlaces mal feitos; sobreposições de letras; e uma falta geral de organização da página.
A importância de se diagnosticar o quanto antes essa dificuldade da criança é permitir que ela receba instrução diretiva e especializada na escrita, prevenindo que essa dificuldade não afete o desenvolvimento escolar posterior. Algumas atividades podem trazer muitos benefícios a essas crianças, dentre as quais podemos citar 1) brincar com argila para fortalecer os músculos; 2) traçar linhas dentro de labirintos para desenvolver o controle motor; 3) conectar pontos para criar formas de letras; 4) dar oportunidade para a criança observar a sequência do movimento, por exemplo, pedindo que ela imite o modelo do professor no traçado sequencial das linhas; entre outras. No entanto, para que um plano de intervenção adequado seja elaborado para a criança com disgrafia é necessário uma completa avaliação da escrita e áreas relacionadas. De todo modo, um plano que contemple a progressão da criança em níveis de dificuldades é sempre necessário, pois começar com aquilo que é custoso demais para ela, além de não auxiliar, pode desencorajá-la. Embora a intervenção precoce seja desejável, lembre-se: nunca é tarde demais para intervir e melhorar as habilidades dos alunos!
Referências Bianchi, M. T. B. (2011). Disgrafia: uma análise psicopedagógica e psicomotora de crianças com dificuldades na escrita. . In S. Sampaio & I. B. de Freitas. Transtornos e dificuldades de aprendizagem: entendendo melhor os alunos com necessidades educativas especiais (pp. 105-118). Rio de Janeiro: Wak
The International Dislexya Association (2008). Just the facts. Published by the IDA Information Services Committee.
Rodrigues, S. das D.; Ciasca, S. M. (2011). Disgrafia na infância: aspectos psicomotores. In F. C. Capovilla (Org.), Transtornos de aprendizagem: progressos em avaliação e intervenção preventiva e remediativa (pp. 224-229). São Paulo: Memnon
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