Uma matéria do Wall Street Journal, escrita por Chrisopher Chabris e Daniel Simons, discute mitos sobre neurologia.
Pensemos, por exemplo, em qual das afirmações a seguir é falsa:
1.Nós usamos apenas 10% do cérebro. 2.Ambientes muito ricos em estímulos melhoram o desenvolvimento cognitivo de crianças em idade pré-escolar. 3.Pessoas aprendem mais quando recebem informação pelo canal de aprendizagem preferido (auditivo, visual ou sinestésico).
Se você acha que a primeira afirmação é falsa, parabéns. Segundo os autores, trata-se do “mito dos 10%”. Pois, quando usamos nosso cérebro, ele é completamente ativado. Embora scans neurológicos mostrem pequenas áreas do cérebro acesas, na verdade, todas estão ativas. Contrariando o mito, quando inativos, os neurônios morrem e os sistemas atrofiam-se.
Um estudo desenvolvido por Sanne Dakker e outros pesquisadores na Universidade VU de Amsterdam e na Universidade de Bristol colocou à prova justamente esses mitos. Eles entrevistaram 242 professores em escolas na Holanda e no Reino Unido. Os resultados foram publicados no periódico Frontiers in Psychology.
Assim, a pesquisa demonstrou que a maior parte dos professores acredita que as três afirmações acima são verdadeiras, quando, no fundo, todas elas são mitos.
A segunda afirmação é falsa porque pode redundar em exagero. Experimentos científicos com ratos mostraram que ambientes pobres em estímulos causam danos ao desenvolvimento cerebral. No entanto, isto não significa que o ambiente deva ter excesso de estímulos. A partir dessa ideia, podemos apenas concluir que crianças em isolamento têm desenvolvimento prejudicado.
Assim, um ambiente típico, com estímulos humanos e a possibilidade de brincar, por exemplo, contribui para o desenvolvimento cerebral. Nesse sentido, há controvérsias quanto à exposição excessiva de crianças à TV e a vídeos como os da série Baby Einstein. Recentemente, tem-se discutido sobre como esse tipo de informação afeta bebês e se ela pode ser prejudicial.
Quanto à terceira frase, estudos demonstraram que não há relação entre a preferência pela forma de aprendizagem e aprendizagem de fato.
Uma questão interessante é que mitos sobre neurologia são facilmente difundidos. Eles circulam pela cultura popular e são propagados em livros de autoajuda. Por isso, as pesquisas de Sanne Dakker têm visado as escolas para que, ao menos no ambiente educacional, os mitos comecem a ser combatidos.
Fonte: http://online.wsj.com/article/SB10001424127887324556304578119351875421218.html
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