Norene Wiesen contribui essa semana para o blog da Scientific Learning comentando sobre como as crianças aprendem a se relacionar na era digital.
As crianças de hoje nascem e usam tablets, telefones e computadores, desde muito cedo. Alguns especialistas afirmam que crianças que passam tempo demais na vida digital não estão treinando habilidade sociais suficientemente. Essas habilidades são importantes, inclusive, para as próprias interações online. Um motivo é que essa geração não estaria desenvolvendo conversas com outras pessoas como as crianças de outras gerações faziam. O tempo deles é usado com algum aparelho que não fornece uma interação correspondente. Esse é um fenômeno problemático porque as crianças precisam aprender a iniciar uma conversa, ouvir e responder apropriadamente. A conversa é muito mais rica, complexa, pode apresentar desconfortos e não é comparável à interação com dispositivos modernos. Além disso, a tela ou o dispositivo móvel pode ser uma forma de escape quanto aos momentos desconfortáveis nas relações sociais. Quantas vezes você viu várias pessoas conhecidas numa mesa que não conversam porque estão checando o celular? Ou então, uma criança que precisa ser distraída com um vídeo, ao esperar a refeição? Wiesen comenta um livro de Dale Carnegie, escrito há 80 anos, que se intitula Como fazer amigos e ganhar influência. As suas dicas que incluem conselhos de sociabilidade dizem o seguinte: – Converse – Comunique-se de forma a mudar as situações – Demonstre interesse pelos outros – Resolva problemas – Desenvolva liderança Segundo Wiesen, Carnegie percebeu o que hoje aparece como ideia de ponta, ou seja, as habilidades sociais são cruciais para a nossa vida. Tanto que, desde a publicação, o livro de Carnegie já vendeu 15 milhões de exemplares. Atualmente, no contexto educacional, os professores e pedagogos começam a apontar a relevância de outras habilidades além das habilidades acadêmicas ou “racionais”. Nos EUA, por exemplo, muitas escolas agregaram programas de Educação Emocional em seus currículos. Os pais têm recepcionado essa ideia muito bem. Por um lado, os riscos implicados em falta de habilidades sociais podem ter diversas consequências como: depressão; ansiedade; exclusão; dificuldades de aprendizagem (de forma indireta), etc. Por outro, o trabalho com habilidades sociais pode ajudar a criança nas seguintes realizações: a ter um relacionamento positivo com pais, professores e colegas; a mostrar resiliência nos tempos de stress; a evitar rejeição social; e responsabilizar-se por um ambiente escolar positivo. O tempo na tela do computador ou do tablet precisa ser balanceado. Um problema é que crianças com habilidades sociais fracas podem esquivar-se em aparelhos digitais, o que acarreta em menos percepção das outras pessoas. Crianças assim podem usar aparelhos para não ter que lidar com espera, por exemplo. Por outro lado, crianças com boas habilidades sociais usarão interações online para ampliar suas relações da vida off-line. O importante é ensinar às crianças a distinção entre uso saudável e o uso abusivo das novas mídias, para atingir um bom equilíbrio. Referência: WIESE, Norene. Social skills in the Digital Age: what’s screen time got to do with it? http://www.scilearn.com/blog/social-skills-digital-age-screen-time.php
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