O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é considerado o transtorno mais comum na infância e se caracteriza por sintomas marcantes de desatenção, hiperatividade e impulsividade, com quadro clínico bastante heterogêneo. O diagnóstico mais utilizado pelos profissionais baseia-se no DSM-V (versão mais recente do manual), que apresenta três subtipos do transtorno: o predominantemente desatento, o predominantemente hiperativo e o combinado.
À parte do tratamento farmacológico, que deve ser realizado de forma associada à terapia com acompanhamento médico, de que maneira a terapia comportamental pode auxiliar essas crianças?
É fácil notar que os déficits e excessos que definem o diagnóstico dizem respeito a comportamentos que precisam aumentar a frequência (por exemplo, a atenção e o autocontrole), ou diminuí-la (por exemplo, a hiperatividade e a impulsividade) para serem mais adaptativos ao ambiente da criança. Nesse caso, a terapia é de extrema relevância para o ensino de estratégias às crianças para lidar com as dificuldades apresentadas.
Sem deixar de considerar que cada criança é única e apresenta suas particularidades, tais estratégias podem incluir o treino de solução de problemas, já que muitas vezes essas crianças tendem a encarar as situações de maneira impulsiva e com base na tentativa e erro; a repetição e o seguimento de instruções que a auxiliem na execução das soluções aprendidas; o treino de habilidades sociais, de modo a tornar a criança mais sensível ao comportamento dos pares e, consequentemente, melhor inserida em seus ambientes de convívio; entre muitas outras. O treinamento de pais é outra ferramenta poderosa e prevista em tratamentos comportamentais, uma vez que são eles os que possivelmente passam o maior tempo com as crianças e experimentam as maiores dificuldades em lidar com os seus comportamentos. Em todos os casos, todo tratamento deve incluir ganhos diretos para a criança, que a mantenha motivada nos novos aprendizados. Partir daquilo que é prazeroso para a criança é sempre o melhor aliado em qualquer intervenção! Camila Silveira, psicóloga – Centro Psicopedagógico e Terapêutico Construtivo
Referências: American Psychiatric Association (2013). DSM V diagnostic and statistical – Manual (4th edn). Washington, D.C.: American Psychiatric Association. Malloty-Diniz, L. F., Alvarenga, M. A. S., Abreu, N., Fuentes, D., Leite, D. B. (2011). Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade: tratamento farmacológico e não farmacológico. Em C. S. Petersen & R. Wainer (Orgs.), Terapia Cognitivo-comportamentais para crianças e adolescentes, (pp. 136-168). Porto Alegre: Artmed. Marinho, L. M. (2013). Um programa estruturado para o treinamento de pais. Em V. E. Caballo, M. A. Simón (Orgs.), Manual de Psicologia Clínica Infantil e do Adolescente, (pp. 417-434). São Paulo: Santos Silva, R. L. F. C, Silva, A. V. S., Couto, G. (2011). Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade: uma revisão conceitual à luz da análise do comportamento. Em Capovilla, F. C. (Org.), Transtornos de Aprendizagem: progressos em avaliação e intervenção preventiva e remediativa, (pp. 270-279). São Paulo: Memnon.
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